Para responder às questões 1 a 8, leia o fragmento a seguir, que faz parte de um poema de Patativa do Assaré.
Eu e o sertão
Sertão, arguém te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.
[...]
PATATIVA DO ASSARÉ. Eu e o sertão. In: ______. Cante lá que eu canto cá. Filosofia de um trovador nordestino. Petrópolis: Vozes, 1982.
1. O fragmento apresenta, graficamente, pronúncias diferentes da norma-padrão quanto à ortoépia. Explique o processo linguístico que ocorreu nos dois casos em destaque.
Na palavra “arguém”, houve substituição do l pelo r (alguém/arguém). Na palavra “cantô”, houve supressão do u final (cantou/cantô).
2. No sexto verso do poema, a palavra mistéro apresenta dois casos de cacoépia. Explique essa afirmação.
Houve omissão do i e do s. No registro padrão, o adequado seria mistérios.
3. Os desvios que o poema apresenta não foram descuidos do poeta; eles exercem uma função comunicativa. Que função é essa?
O poema registra as palavras da forma como elas seriam pronunciadas em seu contexto oral.
4. É possível perceber que o eu poético demonstra amor pelo Sertão. Destaque do texto expressões que confirmem isso.
As expressões são: “meu torrão amado”, “Munto te prezo, te quero”, “A tua beleza é tanta”.
5. O eu poético, ao demonstrar seu amor pelo Sertão, indica, pela referência temporal, a atemporalidade de seu sentimento. Transcreva o par de versos que indica esse sentimento atemporal.
“Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,”
6. Justifique a resposta anterior com base em seus conhecimentos gramaticais: O que atribui aos versos a continuidade do tempo?
O uso do particípio (ação concluída no passado) e do gerúndio (continuidade da ação).
7. Pelo uso das expressões coloquiais, pode-se dizer que o eu poético passa a impressão de possuir um elevado grau de formalidade. Concorde ou discorde da afirmativa, justificando sua resposta.
Espera-se que os alunos discordem da afirmação, percebendo que a linguagem usada pelo eu lírico apresenta o modo de falar de alguém da região do Sertão nordestino, provavelmente não escolarizado e em uma situação de informalidade. Tal uso é justificado pelo fato de tratar-se de um gênero textual – o poema – que não exige o uso da norma-padrão e é uma forma de expressão do patrimônio cultural brasileiro.
8. Em certo momento do texto, fica claro que o eu poético fala dirigindo-se a um ser. Transcreva o verso em que isso fica evidente e indique a função sintática que demonstra a interlocução.
O verso é “Sertão, arguém te cantô” e o que demonstra a interlocução é o uso do vocativo “Sertão”
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