1. Leia a tirinha e responda.

A linguagem da tirinha revela

a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário próprios de épocas antigas.

b) o uso de expressões linguísticas inseridas no registro mais formal da língua.

c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo verbal no segundo quadrinho.

d) o uso de um vocabulário específico para situações comunicativas de emergência.

e) a intenção comunicativa dos personagens: a de estabelecer a hierarquia entre eles.

Alternativa c.

O caráter de coloquialidade da linguagem é evidente no uso da forma verbal composta do pretérito mais-que-perfeito do indicativo (“tinha consertado”), já que, de acordo com a norma-padrão, deveria ser utilizado o pretérito mais-que-perfeito composto do modo subjuntivo (tivesse consertado).

2. (Unesp-SP) Leia o ensaio “Império reverso”, de Eduardo Giannetti, para responder à questão.

Império reverso – O filósofo grego Diógenes fez da autossuficiência e do controle das paixões os valores centrais de sua vida: um casaco, uma mochila e uma cisterna de argila no interior da qual pernoitava eram suas únicas posses. Intrigado com relatos sobre essa estranha figura, o imperador Alexandre Magno resolveu conferir de perto. Foi até ele e propôs: “Sou o homem mais poderoso do mundo, peça-me o que desejar e lhe atenderei.” Diógenes [...] não titubeou: “O senhor teria a delicadeza de afastar-se um pouco? Sua sombra está bloqueando o meu banho de sol.” O filósofo e o imperador são casos extremos, mas ambos ilustram a tese socrática de que, entre os mortais, o mais próximo dos deuses em felicidade é aquele que de menor número de coisas carece. Alexandre, ex-pupilo e depois mecenas de Aristóteles, aprendeu a lição. Quando um cortesão zombou do morador da cisterna por ter “desperdiçado” a oferta que lhe caíra do céu, o imperador rebateu: “Pois saiba então você que, se eu não fosse Alexandre, eu teria desejado ser Diógenes.” Os extremos se tocam. – “Querei só o que podeis”, pondera o padre Antônio Vieira, “e sereis omnipotentes.”

GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos, 2016.

Ao se transpor o trecho “Foi até ele e propôs: ‘Sou o homem mais poderoso do mundo, peça-me o que desejar e lhe atenderei.’” para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem as formas:

a) pedisse e atenderia.

b) pedia e atendia.

c) pediria e atenderia.

d) pedisse e atendesse.

e) pediria e atendesse.

Alternativa a.

Na transposição do trecho para o discurso indireto, a frase teria a seguinte elaboração: ele disse que era o homem mais poderoso do mundo, mandou que lhe pedisse o que desejasse que ele o atenderia. Dessa forma, os verbos sublinhados que, no discurso direto, estão no imperativo afirmativo e futuro do presente do indicativo seriam substituídos pelo pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do pretérito do indicativo, respectivamente.

3.  “Agora vocês é que vão engolir tudo, se maltratarem este rapaz.” 

A forma verbal resultante da transposição do trecho sublinhado para a voz passiva é:

a) maltratariam.

b) fosse maltratado.

c) maltratassem.

d) for maltratado.

e) seria maltratado.

Alternativa d.

Na transposição da voz ativa para a passiva analítica, o objeto direto da voz ativa (“este rapaz”) passa a ser sujeito da passiva analítica, mantendo-se o verbo no futuro do subjuntivo. Desse modo, a frase correta é: se este rapaz for maltratado (por vocês). Destaca-se que o “se”, no período, é uma conjunção subordinativa adverbial condicional.

4. (Uerj)

O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
Vinicius de Moraes


No verso 1, a combinação das vozes passiva e reflexiva produz um efeito poético. Esse efeito confere ao sujeito pressuposto do poema, em relação a si mesmo, a possibilidade de:

a) alienação

b) invenção

c) resignação

d) cooperação

Alternativa b.

5. (Fuvest-SP) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:

“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.

Disponível em: https://www.gp1.com.br/.

No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:

a) “O carro furou o pneu”.

b) “e bateu no meio fio”.

c) “O refém conseguiu acionar a população”.

d) “tentaram linchar eles”.

e) “afirmou o major”.

Alternativa a.

Exceto na alternativa a, as orações apresentam sujeito agente: em b, elíptico (ele); em c, simples (“o refém”); em d, indeterminado; em e, simples (“o major”). Na alternativa a, ainda que o verbo esteja na voz ativa, não há sujeito agente, já que “o carro” não pratica a ação de furar o pneu.

6. (Fuvest-SP) Leia este texto, publicado em 1905.

Por toda parte, a verbiagem, oca, inútil e vã, a retórica [...] pomposa, a erudição míope, o aparato de sabedoria resumem toda a elaboração intelectual. [...] Aceitam-se e proclamam-se os mais altos representantes da intelectualidade: os retóricos inveterados, cuja palavra abundante e preciosa impõe-se como sinal de gênio, embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria. E disto ninguém se escandaliza; o escândalo viria se houvera originalidade.

BONFIM, Manoel. A América Latina: males de origem. (Adaptado.)

a) O sentido que se atribui, no texto, à palavra “retórica” é o de “arte da eloquência, arte de bem argumentar; arte da palavra” (Houaiss)? Justifique.

Não. O sentido é de um discurso vazio, superficial e raso.

b) Mantendo-se o sentido que eles têm no contexto, que outra forma os verbos “se encontrem” e “houvera” poderiam assumir?

Já que a oração “embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria” está na voz passiva sintética, a outra forma que o verbo encontrar pode assumir, mantendo-se o sentido, é a voz passiva analítica: “embora não sejam encontradas nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria”.

Na oração “o escândalo viria se houvera (pretérito mais-que-perfeito do indicativo) originalidade”, o verbo haver poderia ser substituído, sem alteração de sentido, por “houvesse” (pretérito imperfeito do subjuntivo).


7. (UFPR)

Dependendo do contexto em que são empregados, termos como “aí”, “até” e “ir” ora denotam espaço, ora denotam tempo. Esses variados sentidos que as palavras podem assumir nem sempre são precisamente especificados no dicionário.

Talvez o exemplo mais interessante para ilustrar a indicação de tempo ou de espaço com a mesma palavra seja o verbo “ir”. O sentido primeiro (aceitemos isso para efeito de raciocínio) do verbo “ir” é de deslocamento: “alguém vai de A a B” quer dizer que alguém se desloca do ponto A ao ponto B. Trata-se de espaço.

Dizemos também, por exemplo, que a Bandeirantes vai de Piracicaba a S. Paulo. Mas é claro que a rodovia não se desloca: ela começa em uma cidade e termina em outra. Não há sentido de deslocamento nessa oração, mas ainda estamos no domínio do espaço.

Agora, veja-se outro caso: também dizemos que o período colonial vai de 1500 a 1822 (ou a 1808, conforme o ponto de vista). Nesse exemplo, ninguém se desloca, nem se informa sobre dois pontos do espaço, dois lugares extremos. Agora não se trata mais de espaço. Trata-se de tempo. E o verbo é o mesmo.

POSSENTI, Sírio. Analogias. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/analogias. Acesso em: 23 maio 2014.

O verbo ir tem, ainda, outro uso corrente não contemplado no texto: pode ser uma partícula unicamente gramatical responsável por marcar o tempo futuro do verbo principal da oração. Assinale a alternativa representativa desse uso.

a) Enquanto aguardamos o telefonema da Joana, o Luís vai ao mercado e compra os salgados para o café.

b) O período de inscrição para o concurso foi divulgado: vai de novembro a dezembro.

c) Já noticiaram: o técnico vai divulgar o nome dos joga- dores convocados nesta semana.

d) Amanhã, este carro vai para a oficina, para reparos no freio e na lataria.

e) Você já guardou tudo? Vai que ele chegue sem avisar...

Alternativa c.

O verbo ir forma locução verbal apenas nas sentenças das alternativas b e c; no entanto, em b, está conjugado no pretérito perfeito do indicativo (“foi”). Como o enunciado solicita o verbo ir denotando futuro com o verbo principal de uma oração, a alternativa correta é c (“vai divulgar”), que equivale a “divulgará”.

8. (Acafe-SC) Assinale a frase em que ocorre uma forma verbal inadequada a contextos formais, especialmente na escrita.

a) Se os empresários da rede hoteleira quiserem, alguns parlamentares estarão dispostos a interpor recursos contra o projeto de regulação ambiental em áreas costeiras.

b) Ainda que fosse muito tarde para iniciar a obra, se houvesse vontade política em melhorar a qualidade da água na baía norte, ainda haveria recursos para esse empreendimento.

c) Os servidores da prefeitura municipal de Curitiba só aprovam o acordo se o prefeito retirar a proposta de reforma administrativa, suspender os vetos à lei de implantação da carreira e repor as perdas salariais de 2018.

d) Quando ele reteve uma parcela do que nos devia, o judiciário interveio imediatamente.

Alternativa c.

Na alternativa c, empregou-se uma série de verbos no futuro do subjuntivo (“retirar”, “suspender” e “repor”), mas o verbo “repor” representa uma forma inadequada ao contexto formal, já que o futuro do subjuntivo desse verbo é irregular: “repuser”.

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