1. (FGV-RJ)

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

— Sois cristão?

— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

— Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval

Oswald de Andrade, Poesias reunidas.

Considere as seguintes anotações referentes ao poema de Oswald de Andrade:

I. Mistura de registros linguísticos, níveis de linguagem e pessoas verbais incompatíveis entre si.

II. Paródia das narrativas que pretendem relatar a fundação do Brasil.

III. Glosa humorística do tema habitual das “três raças formadoras” do povo brasileiro.

Contribui para o caráter carnavalizante do poema o que se encontra em

a) II e III, somente.

b) II, somente.

c) I, II e III.

d) I e II, somente.

e) I, somente.

2. (PUCC-SP)

Os inovadores, na fase de afirmação, que se costuma chamar “heroica”, não podiam ver o Brasil que não fosse ou a São Paulo arlequinal, espaço da modernidade, ou o território mítico de Macunaíma e da Antropofagia [...].

No segmento acima, o crítico e historiador Alfredo Bosi considera que o Modernismo de 22

a) abarcava, em seu núcleo básico, todas as tendências e variantes estéticas, culturais e regionais do diversificado Brasil daquela época.

b) privilegiava os fundamentos mais ousados das vanguardas estéticas, com raízes na história e na mitologia das nações europeias.

c) dividia-se entre os compromissos com uma cultura local, de caráter renovador, e a tendência para uma fabulação imaginativa e heroica.Contribui para o caráter carnavalizante do poema o que se encontra em

a) II e III, somente.

b) II, somente.

c) I, II e III.

d) I e II, somente.

e) I, somente.

Alternativa C


2. (PUCC-SP)

Os inovadores, na fase de afirmação, que se costuma chamar “heroica”, não podiam ver o Brasil que não fosse ou a São Paulo arlequinal, espaço da modernidade, ou o território mítico de Macunaíma e da Antropofagia [...].

No segmento acima, o crítico e historiador Alfredo Bosi considera que o Modernismo de 22

a) abarcava, em seu núcleo básico, todas as tendências e variantes estéticas, culturais e regionais do diversificado Brasil daquela época.

b) privilegiava os fundamentos mais ousados das vanguardas estéticas, com raízes na história e na mitologia das nações europeias.

c) dividia-se entre os compromissos com uma cultura local, de caráter renovador, e a tendência para uma fabulação imaginativa e heroica.

d) negligenciava os aspectos propriamente estéticos da revolução prometida, valorizando antes as condições históricas daquele momento nacional.

e) hesitava entre abraçar um projeto moderno, de caráter nacionalista, e a retomada nostálgica de um sentimento nacionalista romântico.

Alternativa C

3. (PUC-PR) O texto a seguir faz parte de uma correspondência enviada por Mário de Andrade a Manuel Bandeira, em 26 de janeiro de 1935.

[...] Não vá pra Cumbuquira “concertar” o fígado que você se estraga completamente! Isso acho que é demais.

Apesar de suas razões que já conheço hoje, concertar com “c”, pra qualquer sentido da palavra está consagrado definitivamente. Vamos: me retruque que o “hontem”, o “geito” e o “pêcego” também estavam concertados definitivamente entre escritores e que então eu não devia concertá-los.

Você está certo, mas a minha resposta é o “brinque-se”!

Por enquanto. Porque se vier uma nova reforma ortográfica mandando distinguir definitivamente consertar e concertar, assim farei em nome da minha desindividualização teórica.

Mundo Jovem, ed. 466, maio/2016, p. 21.

A variação linguística interfere na produção de sentidos dos textos. No trecho da correspondência de Mário de Andrade, ele argumenta a favor

a) da permissão do uso indiscriminado da grafia das palavras, já que a variação das línguas com o passar do tempo pode gerar prejuízos de significado.

b) da antecipação de uma grafia unificadora para palavras com mesmo significado, antecipando-se a uma possível reforma ortográfica.

c) da combinação entre grafia e pronúncia, incentivando os falantes a estabelecerem uma relação de representação mais uniforme dos sons.

d) da prevalência do uso que os indivíduos fazem da língua em relação ao poder coercitivo das regras ortográficas, até que seja possível.

e) do abandono de marcas etimológicas na grafia das palavras, a fim de atualizar o registro escrito da língua antes de uma reforma ortográfica.

Alternativa D

4. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.

No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar, exclamava: — Ai que preguiça!... e não dizia mais nada. Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras feias, imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.

Adaptado de: ANDRADE, M. Macunaíma. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 7.

Enquanto produção cultural, o Modernismo procurava reconhecer as identidades que formavam o povo brasileiro. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a presença da temática indígena no movimento, tendo por modelo o romance de Mário de Andrade.

a) A utilização da temática indígena configurava um projeto nacional de busca dos valores nativos para a formação da identidade brasileira, na época.

b) Como herói indígena, Macunaíma difere das representações românticas, já que ele figura como um anti-herói, um personagem de ações valorosas, mas também vis.

c) Macuna’ma se insere no racismo corrente no início do século XX, que via uma animalidade no indígena, considerado coisa, e não gente.

d) O indígena foi considerado pelos modernistas como único representante da identidade brasileira, pois sua cultura era vista como pura e sem interferência de outros povos.

e) O trecho reafirma a característica histórico-antropo- lógica do patriarcado brasileiro, que compreendia o indígena como um incivilizado puro e ingênuo.

Alternativa B


5. (FASEH-MG) Leia a seguir alguns trechos do poema “Ode ao burguês” de Mário de Andrade, publicado na obra “Pauliceia desvairada” (1922).


Ode ao burguês

Eu insulto o burguês!

O burguês-níquel, O burguês-burguês!

A digestão bem-feita de São Paulo!

O homem-curva! O homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

[...]

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!

Oh! purée de batatas morais! Oh! cabelos nas ventas!

Oh! carecas! Ódio aos temperamentos regulares!

Ódio aos relógios musculares!

Morte e infâmia! Ódio à soma!

Ódio aos secos e molhados!

Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,

Sempiternamente as mesmices convencionais!

De mãos nas costas!

Marco eu o compasso! Ela! Dois a dois!

Primeira posição! Marcha! Todos para a Central do meu rancor inebriante

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...

Em relação ao poema, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

O título demonstra, após a leitura do poema, a intenção crítica do eu lírico diante do elemento “burguês”.

( ) A expressão “burguês-níquel” demonstra a importância que o eu lírico concede ao dinheiro, ao materialismo.

( ) As características quanto ao tema e ao estilo apresentados tornam o poema um exemplo da literatura da primeira fase do Modernismo no Brasil.

( ) A preocupação com o emprego constante de conectores lógicos demonstra o cuidado com o uso da linguagem, característica marcante da primeira fase modernista.

A sequência está correta em

a) V, V, F, F.

b) F, F, V, F.

c) V, F, V, F.

d) F, V, V, V.

Alternativa C


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