Artigo de Opinião – O amanhã dos livros
ter, 29 de março de 2016 08:31
Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Sou um “livrólatra”. Tenho vício em livros. Começo um, devoro e parto para outros. Não posso evitar. Devo admitir que o momento de pós-leitura é melhor do que a leitura em si, pois passo a diagnosticar os motivos pelos quais o enredo chegou ao clímax. Refletir faz parte dessa arte léxica. Assim posto, meu gostar de livros é condicionado: jamais cederei à literatura digital. A experiência não tem a mesma tenacidade, em minha opinião.
Durante a semana observei, dentro de um ônibus, alguns jovens usando aparelhos de e-books. Sem temer olhares paralelos, eles liam arquivos que outrora eram impressos e colocados com orgulho na estante. Parei para pensar. Será que os livros eletrônicos vão acabar com o bom e velho livro em sua forma ortodoxa? Será que todo papel, por uma questão de praticidade, será substituído por um link dentro de computadores?
Desde Gutenberg, fundador da prensa gráfica — que permitiu a propagação de um imenso universo literário — o homem deu asas à criação. A comunicação escrita, restrita então às classes dominantes, viu na impressão uma expansão por todos os cantos da Europa e do mundo. E tal evolução permanece em constante movimento, pois os impressos, tidos como grande referência de conhecimento, tiveram de se adaptar às novas tendências, ganhando outros formatos e se propagando pelo meio digital.
E-books, desse modo, são a prensa gráfica do século XXI. Se eles vão amealhar corações e acabar com a forma tradicional de leitura? Bem, o futuro dirá. Jamais se pode condenar a tecnologia, pois ela surge para nos auxiliar. A inovação sempre será uma opção. Você pode utilizá-la ou não. Eu optei. Tocar o papel, sentir o cheiro de um livro novo, manusear as páginas do conhecimento... o livro impresso é mais do que mera circunstância de leitura.
Um livro digital pode ser carregado em um mínimo pen drive. Mais do que isso, dentro de leitores digitais é possível armazenar milhares de títulos e explorar universos que vão muito além da tela de cristal líquido. Os impressos, entretanto, são cult e carregam as memórias de um passado brilhante. Observar suas capas, escolher entre um e outro num jogo de encontros e desencontros são fatores diferenciais para leitores assíduos como eu. Um caso de amor, diga-se de passagem, para a vida inteira.
GUIDOTTI, Gabriel Bocorny. O amanh‹ dos livros. Disponível em: <http://gazetadotriangulo.com.br/tmp/noticias/artigo-de-opiniao-o-amanha-dos-livros/>. Acesso em: 30 abr. 2018.
1. Você já estudou que o título de um artigo de opinião é um elemento importante, pois pode indicar também o posicionamento do articulista a respeito do assunto abordado. O título do artigo lido apresenta essa característica? Explique.
Não, esse título não apresenta o posicionamento do articulista, apenas dá uma pista do assunto a ser abordado no artigo.
2. No início do artigo, aparecem as seguintes informações sobre o articulista:
Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Em sua opinião, qual é o efeito pretendido com a publicação desse tipo de informação sobre o autor do texto?
As indicações sobre o autor do texto dão mais credibilidade ao artigo, pois se trata de uma pessoa que tem conhecimento do assunto, portanto tem como falar sobre ele.
3. O primeiro parágrafo de um artigo de opinião contextualiza o tema a ser aborda- do e antecipa a posição do articulista. Releia este parágrafo.
Sou um “livrólatra”. Tenho vício em livros. Começo um, devoro e parto para outros. Não posso evitar. Devo admitir que o momento de pós-leitura é melhor do que a leitura em si, pois passo a diagnosticar os motivos pelos quais o enredo chegou ao clímax. Refletir faz parte dessa arte léxica. Assim posto, meu gostar de livros é condicionado: jamais cederei à literatura digital. A experiência não tem a mesma tenacidade, em minha opinião.
a) Qual é o tema do artigo?
A troca de livros impressos por digitais (livros em formato e-book).
b) Nesse parágrafo, é possível identificar o posicionamento do articulista? Explique.
Sim, pelo trecho em que diz “jamais cederei à literatura digital”.
c) Que explicação justifica a opinião do autor de que o livro impresso é mais interessante que o digital?
Para ele, a experiência com o livro digital não tem a mesma tenacidade de um livro impresso. Ele diz que prefere tocar o papel, sentir o cheiro de um livro novo, manusear as páginas do conhecimento.
4. Em um momento do texto, o articulista pergunta: “Será que os livros eletrônicos vão acabar com o bom e velho livro em sua forma ortodoxa?”.
a) A quem essa pergunta é dirigida?
Ao leitor.
b) Qual é sua opinião sobre isso?
Resposta pessoal.
5. Para convencer o leitor, de qual recurso argumentativo (exemplos, dados numéricos ou estatísticos, citação de autoridade) o articulista fez uso? Explique.
Ele utiliza exemplos de uso de e-books no cotidiano e fala de sua experiência com os livros.
6. Identifique de que forma o artigo de opinião lido foi concluído.
O articulista faz uma breve retomada do assunto, para enfatizar seu posicionamento.
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