Educação e desigualdade
O Censo Escolar é uma inquietante denúncia da realidade das escolas públicas, no contexto de deficiências que o Brasil não consegue reduzir.
É um retrato da realidade brasileira e das suas consequências na Educação o conjunto de dados do Censo Escolar 2013, agora divulgado. O cenário que emerge das estatísticas é desolador para um país que tem assumido a condição de protagonista internacional pela evolução da economia e pelos avanços sociais. Alguns dados, que não se referem exatamente à qualidade da Educação, mas à estrutura e aos equipamentos à disposição dos alunos, são alarmantes.
Não há como aceitar como razoável o fato de que apenas 36% das escolas públicas brasileiras, que acolhem 40 milhões de estudantes, têm rede de esgoto. Ou que a grande maioria não disponha de quadras de esportes ou mesmo prédios e equipamentos com as mínimas condições de uso, ou de rampas de acesso para pessoas com deficiência.
Não são detalhes, são partes de um cenário em que faltam laboratórios, bibliotecas, computadores.
A realidade mais assustadora é, obviamente, a das escolas do meio rural. É nesse aspecto que o censo significa também a denúncia de uma cruel desigualdade: crianças de regiões já maltratadas pela desassistência estatal frequentam os piores colégios. Como observa a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria Beatriz Luce, o diagnóstico sintetizado pelo documento é, claramente, resultado de todo o contexto histórico-social do país, do desprezo pelo cumprimento integral do direito à Educação e das responsabilidades previstas na Constituição.
São, como ressalta a Educadora, a expressão não só das desigualdades do ensino público, especialmente quando este é confrontado com a situação da rede privada, mas das diferenças estruturais do Brasil. Escolas sem esgoto estão no entorno de áreas praticamente abandonadas. Se têm equipamentos, muitos não funcionam.
Apenas 29% dispõem de um espaço para abrigar livros, tão precário que nem sempre pode ser chamado de biblioteca. Para quem reclama da falta de aparelhos e de acesso à internet, a secretária de Educação Básica informa que, por mais absurdo que pareça, isso não é o mais grave. O pior é que escolas desequipadas muitas vezes não têm nem mesmo eletricidade.
O desalento deste Brasil que nem sempre se enxerga está no dado-denúncia do censo, na avaliação correta da Fundação Lemann, que analisou as estatísticas. O que se vê no levantamento é o confronto de dois brasis, o urbano, ainda com deficiências, mas em lenta evolução, e o rural, em boa parte estagnado e ignorado.
Muito já se disse sobre as atribuições de União, Estados e municípios na Educação. O censo fala por si: mesmo com tarefas bem definidas, todas as esferas de poder têm falhado, ressalvadas as exceções. Se cada um fizesse o que deve, o retrato da estrutura do ensino público do país não seria tão degradante.
EDUCAÇÃO e desigualdade. Todos pela Educação, 21 jul. 2014. Disponível em: <www.todospelaeducacao.org.br/educacao-na-midia/indice/30855/editorial-educacao-e-desigualdade/>. Acesso em: 1-º maio 2018.
1. O editorial “Educação e desigualdade” expõe informações que, de certo modo, confirmam a necessidade de um olhar atento e indispensável à educação brasileira, fator que, segundo o editorial do jornal Gazeta do Povo, é um dos grandes dramas sociais brasileiros da contemporaneidade.
Que trecho pode ser considerado a ancoragem do texto, isto é, a informação que posiciona o leitor a respeito do assunto que será desenvolvido? Transcreva-o.
“O Censo Escolar é uma inquietante denúncia da realidade das escolas públicas, no contexto de deficiências que o Brasil não consegue reduzir.”
2. Qual é o tema desse editorial?
O editorial “Educação e desigualdade” aborda a temática da realidade das escolas públicas brasileiras.
3. Qual é o posicionamento do editorial a respeito do tema?
O de que a realidade brasileira influencia, diretamente, na Educação, que há uma deficiência que o país não consegue reverter, em razão do contexto desolador e inquietante em que se encontra.
4. Como esse ponto de vista é fundamentado, ou seja, ele é produzido com base em que tipo de argumentação?
A fundamentação do posicionamento se dá com base em dados apresentados no Censo Escolar 2013.
5. Releia este trecho do texto.
Alguns dados, que não se referem exatamente à qualidade da Educação, mas à estrutura e aos equipamentos à disposição dos alunos, são alarmantes.
Que dados são esses que apontam para uma precariedade no que diz respeito à estrutura e aos aparatos destinados à Educação? Apresente-os.
Apenas 36% das escolas públicas brasileiras têm rede de esgoto. Além disso, a maioria não dispõe de quadras de esportes ou mesmo de prédios e/ou de equipamentos com as mínimas condições de uso, ou, ainda, de rampas de acesso para pessoas com deficiência. Faltam laboratórios, bibliotecas e computadores.
6. No trecho “A realidade mais assustadora é, obviamente, a das escolas do meio rural. É nesse aspecto que o censo significa também a denúncia de uma cruel desigualdade: crianças de regiões já maltratadas pela desassistência estatal frequentam os piores colégios.”, há uma constatação que acaba por delimitar, além dos problemas educacionais, outros aspectos relevantes do cenário nacional.
Considerando o exposto e o trecho sublinhado, explique o contexto que envolve as escolas do meio rural.
Segundo o excerto, o Censo Escolar 2013 revela questões que vão além da ambientação escolar: há grande desigualdade social entre as regiões brasileiras, especialmente no que diz respeito à zona rural, menos assistida. Assim, alunos das regiões mais maltratadas e sem assistência governamental sofrem mais na educação, pois suas escolas também fazem parte desse cenário de descaso e de falta de assistência.
7. Quando o texto se encaminha para a conclusão das ideias expostas, há uma afirmação de que os dados do Censo Escolar 2013 acabaram se transformando em uma denúncia. O que essa pesquisa acaba denunciando? Justifique sua resposta.
Conforme as estatísticas apresentadas, o que se vê no levantamento do Censo Escolar 2013 é a existência de dois brasis: “o urbano, ainda com deficiências, mas em lenta evolução, e o rural, em boa parte estagna- do e ignorado”, ou seja, os problemas educacionais estão, de fato, ligados ao contexto histórico-social do país, que já exigia em 2013, e continua requerendo na atualidade, um olhar mais atento e ações urgentes e certeiras.
8. A que conclusão chega o editorial lido em relação à educação e à desigualdade no Brasil? Explique sua resposta.
Pensando nas atribuições da União, dos estados e dos municípios no que diz respeito à educação, por meio dos dados coletados no Censo Escolar 2013, é possível concluir que todas as esferas de poder têm falhado, salvo raras exceções. Ainda segundo o editorial, se cada um fizesse o que lhe é destinado e pertinente, o ensino público do país não seria tão degradado e as condições básicas para uma educação de qualidade seriam respeitadas e alcançadas.
9. Agora, levando em consideração alguns aspectos da estrutura do gênero editorial, descreva cada um dos pontos a seguir.
a) Variedade linguística utilizada.
Norma-padrão.
b) Nível de linguagem.
Formal.
c) Pessoa do discurso predominante.
Terceira pessoa.
d) Veículos de divulgação.
Jornal Zero Hora e site Todos pela Educação.
e) Responsável pelo ponto de vista defendido.
O jornal como um todo e, posteriormente, o site.
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