O texto a seguir é uma resenha de filme. Leia-a e, depois, responda ao que se pede.

Pantera Negra (2018): o herói que o mundo precisa

A resposta certa de como um longa de super-herói pode conversar com todos os públicos.

Super-heróis nada mais são que representações atualizadas de deuses e seres mitológicos da antiguidade. Seus poderes, que quase sempre vêm atrelados a extremas responsabilidades, servem como analogia da nossa busca pela singularidade e do quanto somos necessitados de figuras paternais e protetoras em nossas insignificantes vi- das, levando em conta a imensa vastidão do Universo. Nos vermos representados nos super-seres, ora nos velhos quadrinhos, ora na tela grande, nos faz crer que todos nós também podemos fazer coisas inacreditáveis e que fazemos parte de algo muito maior do que a enfadonha rotina que nos rodeia. Algo que, na cabeça de uma criança, por mais bobo e ingênuo que soe, pode literalmente mudar uma vida inteira. “Pantera Negra” é um filme que chega carregado de responsabilidades, principalmente por seu conceito de igualdade, e que corresponde a cada uma das expectativas direcionadas.

Continuando imediatamente a história contada em “Capitão América: Guerra Civil”, com a morte do rei T’Chaka (John Kani, de “Coriolano”), o príncipe de Wakanda, T’Challa (Chadwick Boseman, de “Marshall”), assume o trono que fora de seu pai, mas vislumbra com isso os problemas e idiossincrasias do poder. Seu reino, apesar de extremamente tecnológico e avançado – principalmente se comparado aos países africanos que o avizinham –, é composto de diversas tribos milenares, com tradições e modo de pensar antigos e independentes. Ao mesmo tempo que encara os violentos costumes da coroação, o novo Pantera nutre sentimentos de vingança contra aquele que é um dos maiores terroristas da região, Ulysses Klaw (Andy Serkis, de “Planeta dos Macacos: A Guerra”), que por sua vez continua cometendo seus crimes impunemente. Junta-se a isso um amor perdido por uma causa maior e um novo algoz, alguém que pode desestabilizar toda a hierarquia de poder atual.

Trazendo em seu plot uma versão “hi-tech/tribal” de “Hamlet”, de William Shakespeare, o longa aposta nas raízes do povo africano como sua força motriz. Orgulho, respeito, tradições, cultura, beleza e família são conceitos explorados de maneira intensa. Apesar de formulaico — até por se tratar de um filme de herói, que obrigatoriamente precisa de ação — o roteiro retrata um drama familiar bastante honesto e crível. É fácil se apegar a personagens tão carismáticos e definidos. Até mesmo o grande vilão, ocasionalmente subdesenvolvido neste tipo de obra, aqui possui motivações reais, algo que nos aproxima de sua figura.

Apesar de destacar a todo momento a pobreza e a disparidade nos países vizinhos — fazendo um óbvio, mas válido paralelo com a desigualdade entre as nações de primeiro e terceiro mundo — os cidadãos de Wakanda nunca são representados como submissos ou subjugados, muito longe disso. Escondidos propositalmente da civilização para proteger sua enorme jazida do metal vibranium, fonte da riqueza e da alta tecnologia do reino, alguns wakandeanos simplesmente não suportam ter essa riqueza apenas para si e se infiltram na escória da civilização para salvar os necessitados. São os heróis do mundo real sendo retratados quase que em pé de igualdade com os da ficção.

Não é somente no realce da cultura negra que se justifica a força empoderadora do longa. Todas as mulheres de Wakanda são fortes, destemidas e autônomas. Seja na indescritível beleza visual e conceitual das figuras das “Dora Milaje”, a guarda absolutamente feminina do rei e, consequentemente, do herói Pantera Negra, seja na inteligência e carisma de Shury (Letitia Wright, da série “Black Mirror”) ou na independência extrema de Nakia (Lupita Nyong’o, de “Rainha de Katwe”), as personagens femininas mostram-se complexas e emancipadas, deixando definitivamente para trás alguns dos velhos e empoeirados conceitos machistas.

O diretor Ryan Coogler é um ótimo criador de cenas plásticas e coerentes. Aqui, como já havia feito antes em “Creed” (2015) e em “Fruitvale Station” (2013), ele basicamente nos coloca na ação do filme o tempo todo. Seja na luta pelo trono no topo de uma cachoeira, seja no lindo plano-sequência do cassino, Coogler sabe movimentar a câmera como ninguém. Apesar deste ser [sic] um filme de uma franquia bastante conhecida, que precisa seguir linhas narrativa e visual definidas, o diretor consegue a todo momento impor a sua “marca”, principalmente em suas decisões criativas, como na escolha da diretora de fotografia indicada ao Oscar, Rachel Morrison (“Mudbound — Lágrimas Sobre o Mississipi”), ou no convite ao rapper Kendrick Lamar para encabeçar algumas músicas da trilha sonora, encharcada de hip-hop de ótima qualidade.

Pena que estas belas qualidades não se apliquem ao departamento de efeitos visuais do longa. Há tempos que se evidencia um incômodo “downgrade” nos CGI’s dos filmes da Marvel Studios. Talvez a pressa, ocasionada pelas diversas estreias anuais da franquia de heróis e na consequente falta de tempo para uma boa finalização do material, seja um dos motivos para esta derrocada. Mesmo com este entendimento, fica bastante difícil não se espantar com a falta de cuidado em algumas cenas. Destaco aqui as detestáveis e risíveis sequências do conselho tribal no combate da cachoeira e as do clímax, que chegam até a lembrar os indecorosos “bonecões” de computação gráfica de “Matrix Reloaded” (2003).

“Pantera Negra” é basicamente um remake/continuação conceitual da animação “O Rei Leão” da Disney, tanto em sua história quanto em seu amor pelas tradições e culturas africanas. Apostando bem menos no humor do que os últimos filmes do estúdio e trazendo humanidade e representatividade, sem revanchismos baratos, o blockbuster de ação já nasce como uma bela ferramenta de inclusão, além de ser também um ótimo e divertido passatempo. Algo que não pode ser abalado apenas por meia dúzia de efeitos ruins.

MONTANARE, Rogério. Pantera Negra (2018): o herói que o mundo precisa. Cinema com rapadura. Disponívelem: <http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/476777/critica-pantera-negra-2018-o-heroi-que-o-mundo-precisa/>. Acesso em: 1º- mar. 2018.

1. Você já assistiu ao filme Pantera negra? Se ainda não, a leitura da resenha o(a) motivou a assistir a ele?

Resposta pessoal.

2. Uma das características da resenha é que ela apresenta o ponto de vista de quem a produziu a respeito de um produto cultural. Logo no início dessa resenha, percebe-se a opinião principal do resenhista a respeito do filme. Explique qual é essa opinião.

Já pelo título é possível perceber uma visão positiva a respeito do filme, quando ele diz que o personagem principal representa o herói, ou seja, a força, o bem de que o mundo precisa. No parágrafo seguinte ao título, ele continua expressando essa visão acerca do produto sobre o qual está tratando.

3. Pantera negra é um filme de super-herói, personagem que, geralmente, encanta mais crianças e adolescentes. No entanto, no parágrafo inicial, o resenhista comenta que o filme não se destina apenas a esse público.

a) Que público, segundo o resenhista, esse filme pode atrair?

Segundo o resenhista, o filme pode conversar com todos os públicos, ou seja, com pessoas das mais diferentes faixas etárias e gostos.

Espera-se que os alunos concluam que isso ocorre porque ele trata de um tema/ conceito que envolve qualquer ser humano, que é a valorização da diversidade de povos e costumes.

b) Em sua opinião, por que esse filme tem essa característica?

Resposta pessoal.

4. Nesse texto, o resenhista comenta a importância dos super-heróis na vida do ser humano.

a) Explique o que ele comenta a esse respeito.

De acordo com o autor da resenha, esses seres representam a proteção e se relacionam à necessidade que o ser humano tem de se sentir protegido diante da imensidão do Universo. Além disso, eles nos fazem pensar que também temos capacidade de fazer coisas inacreditáveis, que vão além da vida simples que vivemos em nosso dia a dia.

b) Você concorda com essa visão do resenhista? Por quê?

Resposta pessoal.

5. Segundo o autor da resenha, Pantera negra é um filme que chega carregado de responsabilidades, em razão do conceito que ele veicula.

a) Qual é esse conceito?

O conceito de igualdade, acompanhada de orgulho, respeito, tradições, cultura, beleza e família.

b) Diferentemente do que ocorre em outros filmes desse gênero, em Pantera negra encontramos um personagem negro atuando como super-herói. Relacione a importância de se trabalhar esse super-herói ao conceito veiculado pelo filme.

Ao apresentar um super-herói negro, o filme busca fazer com que todos os jovens do mundo afora se reconheçam nesse universo dos super-heróis e se percebam com as mesmas capacidades e direitos que qualquer outra pessoa.

6. Essa história tem como personagem principal Wakanda, príncipe africano que, após a morte de seu pai, recebe de herança o trono e um reino caracterizado por uma expressiva oposição em relação ao modo de vida. De acordo com a resenha, qual é essa oposição?

Seu reino, apesar de extremamente tecnológico e avançado, é composto de diversas tribos milenares, que ainda mantêm suas tradições e modo de pensar antigos e independentes.

7. Apesar de mostrar uma disparidade entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, o filme busca mostrar uma visão da cultura e dos povos africanos que muitos desconhecem ou que não valorizam. De que modo, segundo a resenha, isso é apresentado no filme?

Essa valorização é apresentada por meio dos cidadãos de Wakanda, que não são representados como submissos ou subjugados. As personagens femininas de Wakanda são representadas como belas, inteligentes, fortes, destemidas e autônomas.

8. O título da resenha exalta o papel de herói do personagem africano ao dizer que se trata de um tipo de herói de que o mundo precisa. Que comportamento dos cidadãos de Wakanda justifica essa referência?

Apesar de possuírem enorme riqueza natural (jazida do metal vibranium) e alta tecnologia, alguns wakandeanos não desejam manter essa riqueza apenas para si e se dedicam a salvar os necessitados. Em virtude disso, são considerados os heróis do mundo real.

9. Ao longo da resenha, o crítico comenta diversos pontos positivos da história narrada e da produção do filme. No entanto, também apresenta alguns aspectos que considera negativos. Transcreva trechos em que ele apresenta esses aspectos.

Sugestão de resposta: “Pena que estas belas qualidades não se apliquem ao departamento de efeitos visuais do longa.”; “Destaco aqui as detestáveis e risíveis sequências do conselho tribal no combate da cachoeira e as do clímax, que chegam até a lembrar os indecorosos ‘bonecões’ de computação gráfica de Matrix Reloaded (2003).

10. O resenhista finaliza seu texto confirmando a impressão que ele tem sobre o filme. Identifique e transcreva o trecho em que ele faz isso.

“Apostando bem menos no humor do que os últimos filmes do estúdio e trazendo humanidade e representatividade, sem revanchismos baratos, o blockbuster de ação já nasce como uma bela ferramenta de inclusão, além de ser também um ótimo e divertido passatempo. Algo que não pode ser abalado apenas por meia dúzia de efeitos ruins.”

11. Qual é a utilidade dessa resenha para o público-leitor?

Ela fornece um conhecimento antecipado do filme e ajuda o público a decidir se vale a pena ou não assistir ao filme.

12. Após a leitura da resenha, pode-se concluir que o resenhista tem uma postura informativa ou avaliativa sobre o filme? Explique sua resposta.

O resenhista tem as duas posturas, pois informa sobre fatos do filme e faz uma avaliação de alguns aspectos relacionados a ele.

13. De que forma o resenhista apresenta sua crítica pessoal em uma resenha?

Ele defende sua opinião acerca do produto avaliado apresentando argumentos que visam convencer o leitor e motivá-lo a consumir ou não o produto cultural avaliado.

14. Escreva, em tópicos e resumidamente, os elementos encontrados em uma resenha.

Sugestão de resposta: Informações sobre a obra (conteúdo, personagens, o lugar onde se passam os fatos, tempo), impressões pessoais do crítico sobre a história e sobre a produção (papel do diretor, de atores, de outros profissionais envolvidos na produção), referências a outros filmes do diretor, etc.

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