Você já deve ter notado que podemos escrever os porquês de várias maneiras, não é mesmo? Nesta seção, vamos estudar cada uma dessas formas.

1. O texto a seguir é um trecho do mito de Hércules, um semideus muito conhecido por sua inteligência, força física e bravura. Nesse trecho, Hércules, influenciado pela deusa Hera, enlouquece e pratica uma ação terrível. Leia-o.

[...]

— O que você tem, meu esposo? Parece tão mudado...

O marido encarou-a com olhos de animal e saiu. Desconcertada, a mulher dirigiu-se à ama de confiança:

— Você sabe se meu marido sofreu alguma contrariedade?

— Não, senhora. Não sei de nada que possa ter provocado essa mudança.

— Ele parecia ter ódio nos olhos...

Infelizmente, a esposa adivinhara. Hércules havia enlouquecido. E logo ela teria a prova disso. Naquela noite, esperou inutilmente, porque ele voltou tarde. Entrou agitado, não dormiu e saiu muito cedo. Não queria ver ninguém. E o pior ainda estava por acontecer. Quando a esposa retornou de seu passeio matinal à praia, encontrou a tragédia feita.

— Meu Deus, o que é isso? Diga, ama, quem fez isso? Meus filhos queridos! Quem fez isso?

A velha ama chorava junto dos corpos das crianças mortas. Demorou a levantar a cabeça. Porém os lábios tremiam muito e a boca nada dizia.

— Diga! Diga quem fez isso! — pedia a mãe, desesperada, diante dos corpos dos filhos.

Então a velha, com o rosto enrugado pela idade avançada e molhado de lágrimas, revelou:

— Senhora, o autor dessa desgraça foi o seu marido. Foi ele, senhora.

— Hércules? O que você está dizendo? Ele amava os filhos. Acaso ficou louca?

— Não, senhora. Quem enlouqueceu foi ele.

— Velha louca! Cala a boca!

— Foi ele, senhora. Seu marido enlouqueceu.

[...]

GALDINO, Luiz. Um herói louco. In: ______. Os doze trabalhos de HŽrcules. São Paulo: FTD, 2013. p. 6-7.

No trecho lido, que ação terrível foi realizada por Hércules?

Hércules matou os próprios filhos.

2. Releia o trecho seguinte, observando a palavra destacada.

Naquela noite, esperou inutilmente, porque ele voltou tarde.

a) Com que função a palavra em destaque foi utilizada na oração?

(X) Para introduzir uma explicação à oração anterior.

(   ) Para perguntar algo.

(   ) Para indicar uma dúvida sobre o que Hércules fez naquela noite.

b) Das expressões a seguir, qual poderia substituir a forma porque do texto sem modificar o seu sentido?

(   ) Por qual motivo

(   ) Quando

(X) Pois

(   ) Embora

A forma porque, grafada em apenas uma palavra e sem acento, tem a função de estabelecer uma relação de explicação ou causa entre as orações. Ela pode ser substituída por pois, quando a relação for explicativa, ou por uma vez que/já que, quando a relação for causal.

3. Leia o texto a seguir, extraído de O guia dos curiosos.

Por que se usa aliança de casamento na m‹o esquerda?

A criação do anel de casamento vem dos egípcios e aconteceu há cerca de cinco mil anos. A estrutura do objeto (circular, sem um começo e sem um fim) indicava a eternidade da união matrimonial. Não havia, dentre os egípcios, uma regra sobre em qual das duas mãos o anel deveria ser colocado.

A importância de se perpetuar as relações matrimoniais entre duas pessoas com o anel na mão esquerda é herança grega e surgiu cerca de dois mil anos mais tarde. Na Grécia acreditava-se que no dedo esquerdo havia uma veia que tinha uma ligação direta com o coração, o que por si só carregava um simbolismo claro.

Mas a tradição foi além: mais ou menos na mesma época os gregos começaram a descobrir o magnetismo. Por isso, os anéis passaram a ser feitos com ímãs, pois assim a tal veia seria atraída para o anel e os dois corações seriam unidos eternamente. A tradição se manteve entre os romanos e a Igreja perpetuou.

Disponível em: <http://guiadoscuriosos.uol.com.br/categorias/5682/1/por-que-se-usa-alianca-de-casamento-na-mao-esquerda.html>. Acesso em: 13 abr. 2018.


Observe o título do texto.

a) Que tipo de frase é utilizado no título?

(   ) Declarativa/afirmativa

(   ) Exclamativa

(X) Interrogativa

(   ) Imperativa

b) Que posição a forma por que ocupa na frase: início, meio ou fim?

Está no início da frase.

A forma por que, grafada em duas palavras e sem acento, é usada em frases interrogativas diretas ou indiretas.

O título do texto é uma frase interrogativa direta, caracterizada pelo ponto de interrogação e pela entonação que se faz ao realizar uma pergunta.

Um exemplo de frase interrogativa indireta seria: Gostaria de saber por que se usa aliança de casamento na mão esquerda.

Observe que, nos dois tipos de frase interrogativa, há o desejo de se obter uma informação por meio de uma pergunta; no entanto, a interrogação indireta apresenta outra entonação e é encerrada por um ponto-final.

É importante destacar que a forma por que interrogativa pode aparecer no início ou no meio de uma oração. Além disso, a forma interrogativa por que é composta da junção da preposição por + o pronome interrogativo que.

Além do uso nas frases interrogativas, a forma por que pode ser utilizada em outras situações. Veja a seguir.

4. Analise a manchete de notícia a seguir.


a) Há alguma pergunta nessa manchete? Explique.

Não, a manchete apresenta uma afirmação a respeito de algo.

b) A expressão por que aparece no início ou no meio da manchete?

Aparece no meio da manchete.

c) Qual das expressões a seguir tem o mesmo sentido da forma por que utilizada na manchete?

(   ) Então

(   )Pois

(   ) Portanto

(X) Pelas quais

Como você viu, a forma por que não é utilizada somente para realizar uma pergunta no início ou meio de frase, mas também para indicar uma afirmação, com sentido equivalente ao de expressões como pelos quais, pelas quais. Essa forma é a junção da preposição por + o pronome relativo que.

5. O texto a seguir é uma fábula bastante conhecida. Você consegue lembrar qual é a moral presente nela?

A cigarra e a formiga

Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comidas. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:

— Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!

As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra seus princípios, e perguntaram:

— Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

— Para falar a verdade, não tive tempo – respondeu a cigarra – passei o verão todo cantando!

— Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando? — disseram as formigas e voltaram para o trabalho dando risadas.

Moral da história: Os preguiçosos colhem o que merecem.

ESOPO. Fábulas de Esopo. Compilação Russel Ash e Bernard Higton.

Tradução de Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1999

a) As fábulas são textos cujo objetivo é transmitir um ensinamento. De acordo com as ações das formigas na história, qual dos ditados populares a seguir melhor resume a mensagem da fábula?

(   ) Quem sai na chuva é para se molhar.

(X) Primeiro o dever, depois o prazer.

(   )Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

b) Analisando o texto, pode-se concluir que as formigas foram solidárias com a cigarra?

Por quê?

Não, pois se recusaram a ajudar a cigarra.

6. Releia o seguinte trecho da fábula:

— Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

a) Identifique o tipo de frase utilizada na expressão em destaque.

Interrogativa direta.

b) Observe a posição desse termo na frase e explique o que diferencia o por que do por quê.

A forma por quê é usada no final de frase interrogativa, enquanto por que é utilizado no início.

A forma por quê, grafada em duas palavras e com acento, é utilizada no final de frases interrogativas e declarativas. O acento gráfico se deve ao fato de que, situado no fim da frase, o monossílabo que se torna tônico.

7. Leia o trecho da canção “Qual o porquê”, de Marcelo Jeneci.

Qual o porquê?
De tudo ser como é quando termina
De alimentar um sonho enquanto ainda é dia
De viver à espera do que já morreu

Qual o porquê?
Da história que persiste na memória
Da gente não saber quando é que é a hora
De romper com aquilo que se já viveu
[...]
Qual o porquê?

Qual o porquê?

Não existe forma para amar
Não existe um jeito de saber se é sim
Não existe um meio de evitar o fim
Se o fim é pra recomeçar.

CARVALHO, Paulo; JENECI, Marcelo. Qual o porquê. Independente (Dist. Tratore), 2016.

Reescreva o verso “Qual o porquê”, repetido várias vezes na canção, substituindo a palavra porquê por outra de sentido equivalente. Atente para o fato de que, dependendo da palavra escolhida para essa substituição, outras palavras precisarão ser alteradas.

Sugestão de resposta: Motivo, razão (nesse caso, será preciso alterar também o artigo).

A forma porquê, grafada em apenas uma palavra e com acento, é um substantivo, sinônimo de motivo, razão, causa. Pelo fato de ser um substantivo, é comum aparecer acompanhada de um artigo. Além disso, essa forma é a única que pode ser pluralizada (porquês).

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