Nesta narrativa, Zeus, irritado com Prometeu por ter roubado do monte Olimpo uma centelha de fogo e dado aos humanos, tem uma ideia para vingar-se dele e de seu irmão Epimeteu. Leia o mito e veja o que ele resolveu fazer.

A caixa de Pandora

Zeus estava sentado em seu trono no alto do monte Olimpo quando observou que os homens cozinhavam e dançavam ao redor de fogueiras. Seu ódio o fez tremer, o que fez a Terra se agitar.

— Os humanos têm de ser punidos por terem aceitado esse poderoso presente de Prometeu! – declarou. Zeus sabia exatamente como fazer isso.

Ele instruiu Hefesto a esculpir em um bloco de mármore a primeira mulher. Hefesto, um mestre artesão, moldou-a para se parecer com sua linda esposa, a deusa Afrodite. Zeus lhe deu o nome de Pandora.

Cada um dos deuses deu a Pandora um presente. Atena, deusa da sabedoria, soprou vida dentro dela. Afrodite, deusa da beleza, vestiu-a com lindas túnicas. Outros deuses deram a Pandora gentileza, paz, generosidade e saúde.

Zeus então levou Pandora à Terra. Os homens ficaram impressionados com sua beleza. Todos queriam se casar com ela, mas Zeus chamou Epimeteu.

— Como recompensa por todo o árduo trabalho que você teve criando os animais, quero lhe oferecer esta linda esposa – disse, concedendo-lhe a formosa Pandora.

Prometeu alertou Epimeteu diversas vezes de que Zeus armava ciladas, e que confiar nele não era seguro. Mas Epimeteu estava tão arrebatado pela beleza da noiva que se esqueceu completamente dos conselhos do irmão. Só conseguia pensar em Pandora, e os dois se casaram.

Como presente de casamento, Zeus deu a Pandora uma caixa cintilante, cravejada de pedras preciosas, feita por Hefesto.

— Aconteça o que acontecer, não abra esta caixa. Nunca! – alertou Zeus.

Epimeteu levou Pandora para viver na casa dele, colocou a caixa em um canto e logo se esqueceu dela.

Mas sua esposa não.

Dia após dia, os olhos dela eram atraídos pela caixa.

— O que tem aí dentro? – vivia perguntando ao marido.

— Não interessa – Epimeteu respondia. – Nós prometemos a Zeus que nunca iríamos abri-la.

Pandora ficava cada dia mais curiosa. Ela tentava se afastar da caixa, mas se pegava criando desculpas para ir àquele canto da casa. Tentou cobrir a caixa com um pano para evitar vê-la, mas não conseguia se controlar e espiava por baixo dele.

Um dia, quando Epimeteu não estava em casa, Pandora postou-se em frente à caixa. Seus dedos acariciaram as pedras brilhantes, e ela novamente se perguntou o que haveria ali dentro. O anseio de saber era tão forte que ela não conseguia mais raciocinar direito.

— Uma espiadinha – disse a si mesma. – Vou dar só uma espiadinha. Ninguém vai saber.

Bem devagar, abriu a tampa da caixa.

De lá de dentro voaram coisas horríveis e assustadoras. A Inveja e a Ganância tomaram conta do ambiente ao redor. O Ódio e a Dor gritaram em seus ouvidos. A Doença, a Fome e a Pobreza soltaram gemidos e tentaram agarrá-la. A Guerra e a Morte faziam piruetas no ar. Todos os males possíveis tinham sido liberados no mundo. Zeus sabia que a curiosidade humana faria com que isso acontecesse.

— O que eu fiz? – Pandora gritou.

Em pânico, fechou a tampa com força, deixando apenas a Esperança presa dentro da caixa.

Como a Esperança permaneceu preservada lá dentro, os humanos têm conseguido seguir em frente e sobreviver à maior parte dos problemas e das desgraças que Pandora libertou. A Esperança nos permite acreditar que, por pior que as coisas estejam hoje, amanhã poderá ser um dia melhor.

ALEXANDER, Heather. A caixa de Pandora.

In: Mitologia Grega: uma introdução para crianças. Tradução de Adriana Schwartz.

São Paulo: Panda Books, 2013. p. 44-45.

1. Vimos que os mitos são histórias criadas com a intenção de explicar o surgimento ou a criação de diferentes coisas.

a) O que “A caixa de Pandora” procura explicar?

Esse mito busca explicar o surgimento dos males no mundo e a criação da primeira mulher.

b) No primeiro parágrafo, há um acontecimento que traz uma explicação mítica para um fenômeno natural. Identifique a ação, o fenômeno e como ele é explicado no mito.

No primeiro parágrafo, Zeus fica com ódio e treme. Com isso, faz a Terra se agitar. Essa atitude relaciona-se aos tremores de terra, ou terremotos, e é uma tentativa de explicar como esse fenômeno acontece.

2. Outra característica dos mitos é que os fatos narrados acontecem em um tempo remoto no passado, impossível de ser precisado. Essa característica pode ser observada no mito “A caixa de Pandora”? Que trecho do mito comprova sua resposta?

Sim, pois no mito é citado que Zeus encomendou a Hefesto que criasse a primeira mulher, indicando se tratar de um tempo anterior ao surgimento da humanidade.

3. Observe as informações que aparecem ao final do mito.

a) Em que veículo esse mito foi publicado? Onde mais esse gênero textual pode ser encontrado?

Esse mito foi publicado em um livro, mas também podemos encontrar esses textos em revistas e em sites da internet.

b) Como são narrativas criadas por um povo e transmitidas ao longo dos tempos, de geração em geração, oralmente, os mitos não apresentam uma autoria conhecida. Releia a referência e explique por que há nela o nome do autor desse texto.

Trata-se do nome de uma pessoa que escreveu essa versão da história.

Explique aos alunos que os mitos, depois de muito tempo, foram registrados por escrito por diferentes escritores.

4. Onde os fatos narrados acontecem?

No monte Olimpo e na Terra.

5. Pandora foi agraciada com algumas virtudes. Quais?

Beleza, gentileza, paz, generosidade, saúde.

6 Que outras divindades foram citadas no texto “A caixa de Pandora”? Pesquise e anote as principais características de cada uma delas.

Atena, deusa da sabedoria; Afrodite, deusa da beleza; Hefesto, deus do fogo e do metal.

7. Em uma narrativa, é comum a apresentação de algumas características psicológicas dos personagens que participam da história. Leia as alternativas a seguir e identifique a que não apresenta adequadamente a característica do personagem.

a) Zeus: vingativo.

b) Pandora: curiosa e desobediente.

c)  Prometeu: orgulhoso.

d) Epimeteu: ingênuo.

Alternativa C

8. Como presente de casamento, Zeus deu aos noivos uma linda caixa cravejada de pedras preciosas, mas disse que eles jamais deveriam abri-la.

a) Qual era a real intenção de Zeus ao dar esse presente e pedir a eles que não o abrissem?

Ele queria despertar a curiosidade de Pandora e tinha a intenção de que ela fizesse o contrário do que ele havia pedido.

b) Ele conseguiu atingir seu objetivo? Explique.

Sim, conseguiu. Pandora não resistiu à beleza da caixa e ficou ainda mais curiosa pelo fato de Zeus ter dito que não era para abri-la.

9. Releia o trecho final do mito.

a) Após abrir a caixa, qual foi o único sentimento que Pandora conseguiu manter lá dentro?

A esperança.

b) O que isso significou para a humanidade?

O fato de a Esperança ter permanecido na caixa permitiu à humanidade enfrentar as desgraças e os problemas que surgiram no mundo após esse fato.

10. Observe os nomes dos males que havia dentro da caixa no trecho a seguir.

A Inveja e a Ganância tomaram conta do ambiente ao redor. O Ódio e a Dor gritaram em seus ouvidos. A Doença, a Fome e a Pobreza soltaram gemidos e tentaram agarrá-la. A Guerra e a Morte faziam piruetas no ar. Todos os males possíveis tinham sido liberados no mundo. Zeus sabia que a curiosidade humana faria com que isso acontecesse.

Por que esses nomes aparecem escritos em letras maiúsculas?

Para destacar os nomes dos males, como se eles fossem seres com vida própria, visto que praticam ações como gritar, soltar gemidos e dar piruetas no ar.

11. Releia este trecho do texto:

— Uma espiadinha – disse a si mesma. —Vou dar só uma espiadinha. Ninguém vai saber.

a) Que sentido o emprego do diminutivo transmite nesse contexto?

Nesse caso, o diminutivo foi empregado com o sentido de minimizar a intensidade do ato, pois a personagem sabia que não devia praticá-lo.

b) Nesse e em outros trechos do mito, é possível observar o emprego do travessão. Assinale a alternativa que indica a função desse sinal de pontuação nesses casos.

(X) É empregado no discurso direto para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.

(   ) É empregado para dar destaque a algum elemento de uma frase, muitas vezes, tendo o objetivo de realçar o aposto.

(   ) É empregado, em alguns casos, para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos.

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