Mau hálito pode ser herança genética, diz estudo

Sim, uma mutação no DNA pode ser a causa secreta do bafo inconveniente de alguém – o que não exclui a importância de manter a boca sempre limpa, é claro

Por Guilherme Eler

Passar longe de cebola crua, evitar o consumo excessivo de alho e manter uma relação estável com a escova de dentes são as dicas mais simples para se eliminar as bactérias que ameaçam um hálito agradável. Há casos, porém, que nem um bochecho bem feito é capaz de resolver: sabe-se que a halitose, nome médico para o famoso mau hálito, também pode ser decorrência de problemas como diabetes e infecções no estômago e esôfago – mais difíceis de detectar do que uma higiene bucal precária.

Um grupo internacional de pesquisadores, porém, sugere que um outro fator é capaz de interferir nesse diagnóstico. Segundo seu estudo, publicado no jornal Nature Genetics, o problema com os odores bucais pode ser uma herança familiar inconveniente. Tudo culpa de uma mutação genética, responsável por uma proteína que cria substâncias causadoras do incômodo bafo.

Os cientistas analisaram amostras da boca, urina e sangue de cinco pacientes que se queixavam de mau hálito. Os voluntários eram de três famílias diferentes (uma portuguesa, uma alemã e outra holandesa), mas contavam com uma mutação em um mesmo gene, responsável por expressar a proteína conhecida como SELENBP1.

A proteína em questão, segundo os cientistas, é responsável por quebrar o metanotiol, composto químico responsável pelos odores. Assim, quando a quebra não acontece como deveria, o mau cheiro fica mais evidente. “Dá para sentir uma amostra do cheiro do metanotiol em flatulências humanas ou em um pedaço de queijo francês”, explicou Huub Op den Camp of Radboud, coautor do estudo, ao site Seeker.

Nos pacientes analisados, apenas uma das mutações teve origem materna, e todas as outras vieram como herança do pai. Algo curioso é que, diferente do que possa parecer, a tal mutação é mais comum que se imagina: os pesquisadores calculam que 1 em cada 90 mil pessoas podem ter o mesmo problema genético. Então, da próxima vez que você pensar em sair acusando um amigo sobre sua falta de higiene é bom perguntar primeiro se tudo anda bem como sua produção de SELENBP1. Só para garantir.

ELER, Guilherme. Superinteressante, 28 dez. 2017. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/ mau-halito-pode-ser-heranca-genetica-diz-estudo/>. Acesso em: 28 dez. 2017.

Agora que você já leu o texto “Mau hálito pode ser herança genética, diz estudo”, resolva as questões que seguem, a fim de que o conhecimento obtido pela leitura seja completo.

1. O texto que você leu é um texto de divulgação científica, um gênero que tem como função principal apresentar aos leitores resultados de pesquisas e de estudos realizados em centros de pesquisas e/ou em universidades, bem como por especialistas em determinados assuntos.

Analise, no texto, os seguintes elementos: referência a pesquisadores, citação de revistas, jornais ou boletins especializados, uso de termos técnicos aplicados à área apresentada. Depois, transcreva trechos do texto que exemplifiquem cada um dos elementos listados.

Sugestões de resposta: Referência a pesquisadores – “Um grupo internacional de pesquisadores, porém, sugere que um outro fator é capaz de interferir nesse diagnóstico.”; Citação de jornal – “Segundo seu estudo, publicado no jornal Nature Genetics”; Termo técnico – “Dá para sentir uma amostra do cheiro do metanotiol em flatulências humanas ou em um pedaço de queijo francês”.

Professor, há outras possibilidades de resposta. Avaliar se as que forem dadas pelos alunos estão de acordo com a característica assinalada.

2. Esse texto, veiculado pela revista Superinteressante, refere-se a uma descoberta científica.

a) De que descoberta o texto trata?

O texto fala sobre a descoberta de que o mau hálito pode ser causado por um fator genético.

b) Como os cientistas envolvidos nessa pesquisa chegaram a essa descoberta?

Os cientistas envolvidos na pesquisa analisaram amostras da boca, da urina e do sangue de cinco pacientes que se queixavam de mau hálito.

c) Qual foi a explicação científica dada para a descoberta feita?

Os cientistas alegaram que o problema com os odores bucais pode ser uma herança familiar inconveniente, resultado de uma mutação genética, responsável por uma proteína que cria substâncias inconveniente, resultado de uma mutação genética, responsável por uma proteína que cria substâncias causadoras do incômodo bafo. A proteína conhecida como SELENBP1, segundo os cientistas, é responsável por quebrar o metanotiol, composto químico responsável pelos odores.

3. Responda ao que se pede.

a) Qual é a ligação existente entre a imagem ao lado e o assunto abordado no texto? Explique.

A imagem apresenta uma mulher com uma cadeia genética saindo de dentro da boca, simbolizando a halitose, fazendo referência à recente descoberta científica do fato causador do mau hálito: uma herança genética familiar inconveniente.

b) Qual seria a função de uma imagem associada a um texto de divulgação científica?

Uma imagem associada a um texto de divulgação científica tem a função de garantir ou de facilitar o entendimento do leitor, ou seja, é uma forma de complementar as informações veiculadas ao longo do texto.


Um texto de divulgação científica apresenta características peculiares a esse gênero. Exploraremos essa estrutura, de forma mais aprofundada, na seção Produzindo textos, momento em que um gênero textual é analisado, para que, na sequência, você possa escrever o seu texto também.

No entanto, é possível que você já tenha identificado algumas dessas características com base na leitura e na resolução dos exercícios propostos até agora.

Que tal verificar o que você já percebeu em relação à linguagem do texto de divulgação científica?

4. A linguagem utilizada em textos de divulgação científica aproxima-se da que é empregada nos textos jornalísticos, isto é, usa-se o registro formal.

a) Trata-se de uma linguagem acessível ou não? Por quê?

Trata-se de uma linguagem acessível, pois apesar dos termos científicos utilizados, sempre há uma explicação na sequência, considerando que são pessoas leigas que lerão o texto.

b) Copie um trecho do texto e, em seguida, reescreva-o aplicando uma linguagem menos formal.

Sugestão de resposta: “Então, da próxima vez que você pensar em sair acusando um amigo sobre sua falta de higiene é bom perguntar primeiro se tudo anda bem como sua produção de SELENBP1.” – Reescrita: Quando você pensar em dizer a um amigo que ele está com bafo, pergunte primeiro se ele não tem problemas genéticos.

5. A linguagem de um texto de divulgação científica deve ser objetiva, acessível e, quando esse gênero de texto é publicado em revistas, pode haver, também, a intenção de entreter.

a) Em que veículo de comunicação (suporte) o texto lido foi publicado?

O texto lido foi publicado na revista Superinteressante.

b) Nesse texto, há trechos que remetem à ideia de uma linguagem voltada ao entretenimento? Caso haja, copie um trecho e explique a sua escolha. Caso você não tenha identificado esse posicionamento, comente o motivo de você pensar assim.

Sim, em alguns trechos do texto houve a intenção, mesmo que de forma sutil, de aproximar o texto de uma certa informalidade, bem próxima do humor, para entreter o leitor, como no trecho “Dá para sentir uma amostra do cheiro do metanotiol em flatulências humanas ou em um pedaço de queijo francês”, em que o autor transcreve a fala de um cientista explicando que o cheirinho desse composto químico aparece no “pum” das pessoas e, ainda, em certa espécie de queijo. Há, também, o trecho “Então, da próxima vez que você pensar em sair acusando um amigo sobre sua falta de higiene é bom perguntar primeiro se tudo anda bem como sua produção de SELENBP1. Só para garantir.”, em que o autor do texto brinca com o fato de alguém acusar um amigo de ter bafo, considerando que isso não deve acontecer, antes de se verificar se o amigo não tem problemas com a produção da proteína SELENBP1.

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