Leia o poema, atentamente, e responda às questões propostas.


Aula de português - Carlos Drummond de Andrade


A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Esquecer para lembrar.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

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1. O poema lido aponta um aspecto inerente à língua muito difundido na atualidade.

a) Trata-se de uma oposição. De que oposição o poema trata? Explique.

b) Transcreva exemplos do texto que exemplifiquem essa oposição:

2. O eu lírico, em relação a essas duas formas de uso da língua, apresenta sentimentos diferentes. Quais são esses sentimentos?

3.Releia: “O português são dois; o outro, mistério.”. O que o eu poemático quis afirmar com essa colocação? Explique a sua resposta.

Gabarito:
1. a) O poema em questão aborda o uso da língua portuguesa no tocante a duas possibilidades: o uso coloquial, aquele da conversa diária, do dia a dia, e, ainda, o uso da língua aprendida na escola.

b) Uso coloquial: “Já esqueci a língua em que comia, / em que pedia para ir lá fora” e todos os outros versos da 4º estrofe. Uso culto: “A linguagem / na superfície estrelada de letras” , “Professor Carlos Góis, ele é quem sabe” , “Figuras de gramática, esquipáticas” .

2. O eu lírico sente-se à vontade diante do uso coloquial da língua, apreendendo-a por completo, e alega que consegue usá-la e entendê-la. No entanto, diante da língua aprendida nos bancos escolares, sente-se intimidado e até acuado, pois confessa não dominá-la.

3. Aqui, vemos um eu poemático totalmente absorto diante da língua aprendida na escola. Ao final do poema, há uma confissão em relação ao uso da língua: a língua usual, espontânea e do convívio pessoal é usada de forma tranquila, enquanto a língua-padrão, essa ainda é um mistério para o eu lírico, que se vê perdido em meio às regras que compõem o entorno desse tipo de aplicação da língua.
Nesse verso há a ideia de que o português depende da interação com o outro.

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