1. Enem

Texto para a questão.

Como se vai de São Paulo a Curitiba (1928)

Os tempos mudaram.

O mundo contemporâneo pulsa em ritmos acelerados.

Novos fatores revelam conveniência de outros métodos.

Surgem, no decurso dos nossos dias, motivos que nos convencem de que cada município deve levar a sério o problema da circulação rodoviária.

Para facilitar a ação administrativa.

Para uma revisão das suas possibilidades econômicas.

Ritmo de ruralização.

Costurar o país com estradas alegres, desligadas de horários. Livres e cheias de sol como um verso moderno!

BOPP, R. Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: José Olympio; São Paulo: Edusp, 1998 (fragmento).

Nos anos de 1920, a necessidade de modernizar o Brasil refletiu-se na proposta de renovação estética defendida  por artistas modernistas como Raul Bopp. No poema, o posicionamento favorável às transformações da sociedade brasileira aparece diretamente relacionado à experimentação na poesia. A relação direta entre modernização e procedimento estético no poema deve-se à correspondência entre

a) a discussão de tema técnico e a fragmentação da linguagem.

b) a afirmação da mudança dos tempos e a inovação vocabular.

c) a oposição à realidade rural do país e a simplificação da sintaxe.

d) a adesão ao ritmo de vida urbano e a subjetividade da linguagem.

e) a exortação à ampla difusão das estradas e a liberdade dos versos.

Alternativa E

2. (UFJF/Pism-MG)

Balada do Esplanada

(trecho)

Oswald de Andrade

Há poesia

Na dor

Na flor

No beija-flor

No elevador

Fonte: ANDRADE, Oswald de. Obras completas.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

Um dos principais traços da poesia modernista é a tentativa de unir arte e vida, incorporando o cotidiano à esfera da arte, deslocando a arte de seu lugar “sagrado” (intocável) e miscigenando temas considerados “elevados” e “abstratos” à concretude da vida comum. Explique de que modo isso ocorre no texto.

O texto é iniciado com um verso que afirma “Há poesia”, indicando, em seguida, os locais onde se pode encontrá-la. Primeiro, aparecem elementos mais tradicionais (dor, flor e beija-flor), parte do imaginário poético. Em seguida, no entanto, há uma quebra com o elemento elevador, a princípio nada poético, mas extraído do cotidiano urbano das cidades modernas. Com isso, o poema incorpora o cotidiano à esfera da arte, deslocando-a do seu lugar sagrado e miscigenando temas “elevados” e “abstratos” à concretude da vida comum.

3. (Uece)

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

ANDRADE, Oswald. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

Sobre a explicação dada por Oswald de Andrade para o não emprego da ênclise na fala do português do Brasil, é correto afirmar que o autor

a) acredita que apenas os esclarecidos sabem essa regra.

b) relativiza o uso dessa regra gramatical pelo povo brasileiro.

c) afirma que não há regras para uso de pronomes.

d) exalta o preciosismo da fala do brasileiro.

Alternativa B

4. (PUC-GO) Leia atentamente o poema, apresentado a seguir, em que Manuel Bandeira usa como procedimento de construção do texto poético o neologismo:

Neologismo


Beijo pouco, falo menos ainda.

Mas invento palavras

que traduzem a ternura mais funda

E mais cotidiana.

inventei, por exemplo, o verbo teadorar.

Intransitivo

Teadoro, Teodora.

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. p. 183.


Assinale a única alternativa que corretamente relaciona

a criação do neologismo teadorar e o seu sentido nesse poema:

a) O recolhimento amoroso do sujeito lírico em sua subjetividade.

b) O diálogo com a concepção romântica de amor do século XIX.

c) A aproximação sonora entre o neologismo e o nome da amada.

d) A marca de inventividade dos poetas modernistas do século XX.

Alternativa C

5. Enem


Descobrimento


Abancado à escrivaninha em São Paulo

Na minha casa da rua Lopes Chaves

De sopetão senti um friúme por dentro.

Fiquei trêmulo, muito comovido

Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus!

Muito longe de mim,

Na escuridão ativa da noite que caiu,

Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos

Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,

Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu...

ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987.

O poema “Descobrimento”, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de

a) resgatar o passado indígena brasileiro.

b) criticar a colonização portuguesa no Brasil.

c) defender a diversidade social e cultural brasileira.

d) promover a integração das diferentes regiões do país.

e) valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

Alternativa C

6. (UFMS) A poesia de Manuel Bandeira, marcada pela simplicidade no modo de dizer, alcança grau considerável de lirismo e de subjetividade ao tratar de cenas do cotidiano, como pode ser notado no exemplo que segue:


Poema de Finados

Amanhã que é dia dos mortos

Vai ao cemitério. Vai

E procura entre as sepulturas

A sepultura de meu pai.


Leva três rosas bem bonitas.

Ajoelha e reza uma oração.

Não pelo pai, mas pelo filho:

O filho tem mais precisão.


O que resta de mim na vida

É a amargura do que sofri.

Pois nada quero, nada espero.

E em verdade estou morto ali.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20. ed.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 144-5.

Ao observar a relação entre o conteúdo do “Poema de

Finados” e seus aspectos formais, pode-se afirmar que:

a) a organização métrica irregular dos versos que o compõem encontra ressonância no estado de espírito que o sujeito lírico vivencia.

b) ao se apresentar como uma espécie de diálogo com seu leitor, o texto opta pelo registro em uma linguagem cuja característica predominante é a de sua informalidade.

c) a presença de vocábulos que se vinculam ao campo de sentidos evocado pelo título contribui para o efeito de unidade do texto.

d) a expectativa construída a respeito da memória do pai, após sua morte, permanece ao longo das três estrofes do poema.

e) a estrutura de diálogo na qual o texto se apresenta restringe suas escolhas verbais à primeira e à segunda pessoas.

Alternativa C

7. (Esamc-SP) Leia o texto abaixo para responder a questão:

Prrrii!!

— Aí, Heitor!

A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.

A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração.

Suspirou:

— Aaaah!

Miquelina cravava as unhas no braço gordo de Yolanda.

Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas.

De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco.

De azul. De vermelho.

Delírio futebolístico no Parque Antártica.

Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.

— Neco, Neco!

Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou.

Correu. Parou. Chutou.

— Gooool! Gooool!

Miquelina ficou abobada com o olhar parado.

Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.

— Alegoá-goá-goá! Alegoá-goá-goá! Urrá-urrá! Coríntians!

Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:

— Go-o-o-o-o-o-o-l!

Miquelina fechou os olhos de ódio.

(MACHADO, Antônio de Alcântara. (1926) “Corinthians (2) x Palestra (1)”. São Paulo: OESP/Klick, 1997. p. 49)

Uma das características da narrativa modernista é a sensação de alta velocidade com que as cenas são elaboradas. No trecho do conto de Antônio de Alcântara Machado, escritor modernista, essa alta velocidade é sugerida:

a) pelo uso de linguagem coloquial e popular, como em “cravou”, “arquejando”;

b) pelo sentimentalismo das ações da personagem Miquelina que fecha os “olhos de ódio”;

c) pelo uso de onomatopeias imitando ruídos de um estádio, como em “Go-o-o-o-o-o-o-l”;

d) pelo uso de períodos curtos indicando ações, como em “Driblou. Escorregou. Driblou”;

e) pela animalização das ações das personagens, tal como em “Entusiasmos rugiam”.

Alternativa D

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