1. (FMC-RJ)

Balé das baleias (Verissimo)

“Em compensação” não pode ser o começo de nenhuma frase sobre a pandemia que nos assola. Nada compensa, mitiga, inocenta, redime, atenua, suaviza ou absolve o vírus assassino, por respeito aos que ele já matou e continua matando. Portanto, não veja como simpatia pelo demônio a simples constatação, noticiada pela imprensa internacional, de que um efeito da pandemia e das medidas tomadas para controlá-la tem sido a queda dos índices da poluição em todo o planeta. Triste ironia: o ar se torna respirável pela diminuição da atividade industrial e a ausência de gente nas ruas justamente onde ele é mais venenoso. O demônio tem suas astúcias.

Li que os habitantes de Marselha, no sul da França, estão vendo, diariamente, um espetáculo raro. Baleias se aproximam da costa e se exibem, certamente surpreendidas pela sua própria súbita ascensão ao estrelato. O porto de Marselha é o mais importante da França, e seu movimento incessante mantém as baleias longe. Ou mantinha.

Com as limitações impostas pelo coronavírus, abriu-se o espaço para o balé das baleias, que, não demora, estarão integradas à vida social de Marselha, provando a bouilla-baisse do Vieux-Port e dando autógrafos.

Disponível em: https://oglobo.globo.com/opiniao/bale-das-baleias-24374057. Acesso em: 3 jun. 2020.

Em “Nada compensa, mitiga, inocenta, redime, atenua, suaviza ou absolve o vírus assassino, por respeito aos que ele já matou e continua matando”, as formas sublinhadas evidenciam o mecanismo de

a) progressão textual.

b) exposição de ideias.

c) relato de fatos.

d) paradoxo de ideias.

e) síntese de ações.


2. (ENEM) 

“Vou-me embora p’ra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário da Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.


3. (ENEM)

As cartas de amor

deveriam ser fechadas

com a língua.

Beijadas antes de enviadas.

Sopradas. Respiradas.

O esforço do pulmão

capturado pelo envelope,

a letra tremendo

como uma pálpebra.

Não a cola isenta, neutra,

mas a espuma, a gentileza,

a gripe, o contágio.

Porque a saliva

acalma um machucado.

As cartas de amor

deveriam ser abertas

com os dentes.

CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.

No texto predomina a função poética da linguagem, pois ele registra uma visão imaginária e singularizada de mundo, construída por meio do trabalho estético da linguagem. A função conativa também contribui para esse trabalho na medida em que o enunciador procura

a) influenciar o leitor em relação aos sentimentos provocados por uma carta de amor, por meio de opiniões pessoais.

b) definir com objetividade o sentimento amoroso e a importância das cartas de amor.

c) alertar para consequências perigosas advindas de mensagens amorosas.

d) esclarecer como devem ser escritas as mensagens sentimentais nas cartas de amor.

e) produzir uma visão ficcional do sentimento amoroso presente em cartas de amor.


4. (FGV-SP) Leia o seguinte texto de Ubirajara Inácio de

Araújo:

Todo texto é uma sequência de informações: do início até o fim, há um percurso acumulativo delas. Às informações já conhecidas, outras novas vão sendo acrescidas e estas, depois de conhecidas, terão a si outras novas acrescidas e, assim, sucessivamente. A construção do texto flui como um ir-e-vir de informações, uma troca constante entre o dado e o novo.

É correto afirmar que, nesse texto, predominam:

a) função referencial e gênero do tipo dissertativo.

b) função fática e gênero de conteúdo didático.

c) função poética e gênero do tipo narrativo.

d) função expressiva e gênero de conteúdo dramático.

e) função conativa e gênero de conteúdo lírico.

5. (Fuvest-SP)

Tendo como objetivo aumentar o estoque de sangue do HEMORIO, a campanha publicitária faz uso dos seguintes recursos linguísticos:

a) intertextualidade e prosopopeia.
b) ambiguidade e paradoxo.
c) neologia e polissíndeto.
d) ambiguidade e paronímia.
e) intertextualidade e polissemia.

6. (ENEM)

Espaço e memória

O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana, reelaborado em novo território.

O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social.

Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e garantiam uma identidade religiosa diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p, 50).

BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas marcas são

a) aspas, que representam o questionamento parcial de um ponto de vista.

b) citações de autores consagrados, que garantem a autoridade do argumento.

c) construções sintáticas, que privilegiam a coordenação temporal de argumentos.

d) comparações entre dois pontos de vista, que são antagônicos.

e) parênteses, que representam uma digressão para as considerações do autor.

7. (ENEM)

Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal

No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação, as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais ou paráfrases. Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano Zambonatto Pezzin, engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus alunos o programa Farejador de Plágio.

O programa é capaz de detectar: trechos contínuos e fragmentados, frases soltas, partes de textos reorganizadas, frases reescritas, mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos.

Mas como o programa realmente funciona?

Considerando o texto como uma sequência de palavras, a ferramenta analisa e busca trecho por trecho nos sites de busca, assim como um professor desconfiado de um aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em vários buscadores, gerando assim muito mais resultados.

Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em: 19 mar. 2018.

Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo por meio da

a) seleção de cópias integrais.

b) busca em sites especializados.

c) simulação da atividade docente.

d) comparação de padrões estruturais.

e) identificação de sequência de fonemas.


Post a Comment