Leia a dissertação argumentativa a seguir escrita para o tema: “Caminhos para garantir a vacinação dos brasileiros” e faça o que se pede.

Segundo Carl Sagan, grande cientista, a história está repleta de indivíduos que destruíram importantes conhecimentos. Indo além, ele afirma que nós, enquanto cidadãos, não podemos permitir a continuidade dessa perigosa destruição. Infelizmente, a análise do atual cenário brasileiro no que tange à ciência, e mais especificamente à imunização, demonstra que ainda há aqueles que ignoram e mascaram as grandes descobertas, dando sequência à aniquilação do saber. Combater o obscurantismo e garantir o pleno acesso da população à vacina são, então, desafios reais do tempo presente.

Cabe analisar, em primeiro plano, como a erradicação de inúmeras doenças surge, erroneamente, como premissa para a não vacinação. Por mais incoerente que seja, tal crença se sustenta na falta de conhecimento científico de parcela significativa da sociedade, o que encontra justificativa na forma como tal temática chega à população.

Com vocabulário técnico, pouco didático e sem clareza, a divulgação da ciência falha, e conteúdos simples acabam não explicados. Nesse cenário, o senso comum acaba por prevalecer, e a lógica de que determinadas doenças não existem mais, sem o entendimento de que sua eliminação só pode ser mantida com a continuidade da vacinação, leva indivíduos a não se imunizarem, construindo um ciclo vicioso com consequências perigosas à vida, como o retorno do sarampo em 2019.

Além disso, é fundamental ressaltar como o cresci-

mento do movimento antivacina dificulta a garantia da imunização coletiva. Infelizmente, o século XXI trouxe com ele o advento da pós-verdade, e a lógica da emoção acima da razão já alcançou a ciência, determinando inclusive a maneira como o homem lida com descobertas e com conceitos antes consagrados, como é o caso da imunização.

Assim, aproveitando-se não só da ignorância, mas também, e principalmente, da passionalidade típica do brasileiro, indivíduos, criminosos segundo o grande médico Drauzio Varella, divulgam notícias falsas, criam grupos e, com teorias conspiratórias, levam o imaginário popular a demonizar tão importante forma de proteção coletiva.

Torna-se evidente, portanto, que o caminho para garantir a imunização coletiva encontra algumas barreiras.

Para revertê-las, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais e municipais, a ampliação do contato da população com o conhecimento científico e sua relevância. Isso pode ser desenvolvido por meio de campanhas midiáticas, palestras e debates em escolas e postos de saúde, tudo com um vocabulário simples e direto que construa o conteúdo de maneira lúdica para que, assim, a população possa entender a importância das vacinas e da ciência como um todo. Outrossim, compete ao Judiciário a maior investigação a respeito da disseminação de notícias falsas. Afinal, assim, poderemos atender ao postulado de Sagan e defender o saber.

1. O texto em estudo é uma dissertação argumentativa.

Nesse tipo de texto, o objetivo do autor é desenvolver uma discussão sobre um determinado tema com o intuito de defender um ponto de vista central chamado de tese. Explicite qual é o posicionamento defendido pelo texto em estudo.

O texto defende que ainda há aqueles que não creem na ciência, sendo a imunização coletiva, infelizmente, um desafio atual no Brasil.

2. No primeiro parágrafo argumentativo, há a presença do termo “infelizmente”. Qual é o objetivo do autor do texto no uso desse termo?

O termo funciona como um modalizador, ou seja, auxilia o autor a demonstrar o seu posicionamento de maneira formal e correta.

3. A necessidade de argumentar para sustentar a tese defendida é uma característica típica dos textos argumentativos, e com a dissertação argumentativa não é diferente.

Aponte quais são os argumentos desenvolvidos no texto em estudo que têm a finalidade de sustentar a tese.

Argumento I: o senso comum de que determinadas doenças não existem mais e, portanto, de que não é necessário vacinar.

Argumento II: o crescimento do movimento antivacina.

4. É amplamente divulgado que o texto dissertativo-argumentativo deve utilizar a linguagem impessoal. Tal assertiva é correta, porém o uso da primeira pessoa do plural não deve ser considerado errado quando a inclusão do indivíduo se dá como cidadão e parte da sociedade. Retire do texto um exemplo desse tipo de uso.

“Afinal, assim, poderemos atender ao postulado de Sagan e defender o saber”.

O texto dissertativo-argumentativo apresenta uma estrutura rígida, contando com uma introdução, dois ou três parágrafos argumentativos e uma conclusão. Sabendo disso, analise o primeiro parágrafo argumentativo e responda à próxima questão. Atenção: é importante que você saiba que, para o Enem, o uso de quatro parágrafos é o mais indicado, haja vista que o espaço da prova não é grande.

5. O primeiro parágrafo argumentativo estabelece uma relação entre a falácia da não necessidade de imunização e a divulgação científica. Explique tal afirmação.

Segundo o texto, o uso de um vocabulário técnico e pouco didático afasta a sociedade das descobertas científicas e corrobora posturas de não imunização.

6. A coesão, ou seja, o uso de mecanismos para manter o sentido dentro do texto, é um critério sempre avaliado nos vestibulares. Além da coesão dentro dos parágrafos, é preciso que haja, entre os parágrafos, ligações que auxiliem na construção do texto. Assim, liste os mecanismos usados para marcar essas ligações entre os argumentos no texto em estudo. Aponte outras possibilidades.

“Cabe analisar, em primeiro plano”;

“Além disso, é fundamental ressaltar”;

Outras possibilidades:

“De início, é preciso analisar”;

“Ademais, cabe discutir”;

“Há de se considerar, ainda”.

É importante ressaltar que houve o uso de conectivos e de termos de

apoio e manutenção temática.

7. A conclusão é o parágrafo que fecha a dissertação argumentativa. Uma de suas características fundamentais é o uso de um conectivo que a indique. No texto em estudo, há o uso do “portanto”. Quais outras construções poderiam ser usadas para iniciar o parágrafo conclusivo?

“Torna-se evidente, dessa forma, que”;

“Infere-se, pois,”;

“Observa-se, então, que”;

“Percebe-se, desse modo, que”;

“É inegável, então, que”.

É interessante que, nessa questão, seja feito o comentário sobre a inadequação do verbo “concluir” e de construções como “em virtude dos fatos mencionados”, “a partir dos argumentos citados”, entre outras.

8. Em geral, os vestibulares analisam o texto dissertativo-argumentativo de acordo com cinco critérios: adequação vocabular, estrutura textual, adequação ao tema, coesão e argumentação. O Enem, no entanto, conta com uma competência inédita: a criação de propostas de intervenção que auxiliem na resolução da problemática em questão e respeitem os direitos humanos.

Assim, a partir de seus conhecimentos prévios e da explanação de seu professor sobre como contemplar esse critério, analise o texto em estudo quanto à construção dessas propostas.

Análise da conclusão: boa retomada de tese. Boas propostas. Desfecho com texto circuito. É interessante, já nesse primeiro momento, comentar pontos gerais da proposta de intervenção.

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